sexta-feira, 21 de maio de 2010

Corpo/Devir

Primeira Caminhada TaanTeatro


Tempo de ‘zerar’ – fico por alguns minutos ‘parado’ olhos fixos no vitral de uma igreja. Aos poucos uma teia se tecia entre os corpos e numa onda fomos levados até a outra extremidade da sala.

IDA - esse momento sutil entre tempo/espaço real e tempo/espaço ficcional, a passagem entre um e outro, o momento tensivo, afinar as cordas. O tempo dilata e o espaço reconfigura-se. Por um breve instante minha visão periférica nublou-se e a luz que entrava por minha retina permitia ver apenas o vitral com nitidez. Sinto vertigem. Meu corpo é levado, suavemente por essa onda de energia; procuro aterramento, sola do pé. Dentro de mim tudo corre , sangue, pensamento. Busco uma respiração calma e profunda que me dará o ritmo do deslocamento. Quando experimento uma respiração curta e sincopada sinto dor de cabeça e volto a respiração anterior. Durante toda a caminhada seria contaminado pela pentamusculatura de outros corpos.

JANELA - a paisagem externa parece estar em outro tempo, e está mesmo, O vitral, de onde não tiro os olhos, está carregado de passado e solene a espera do futuro e aos mesmo tempo é a imagem que me traz ao presente, para a caminhada, à regra. Os outros estímulos da paisagem me dispersam e procuro o vitral/portal.

VOLTA – voltar de costas, de ré, olho na nuca, lentamente; era como se a onda tivesse batido no rochedo. Tenho a sensação que o tempo havia passado só um pouquinho, o que não era verdade. A teia, as conexões, as tesões se formam mas confesso que as sinto tão frágeis como uma bola de sabão. Respiração, relaxamento, tensões e disponibilidade e as expansões se rearticulam. Qual a energia necessária à realização dessa caminhada? Equalizar tensão e relaxamento. Busco sempre esse ponto durante o trabalho.

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